História

A mística taoística, rica em visões de promessas, atraiu a favor do povo chinês e reuniu adeptos. O taoísmo marcou profundamente a visão estética dos chineses; as miniaturas se converteram em um meio de regeneração de forças, em um caminho que prolongava a vida e traria a imortalidade.  Os monges taoístas desempenharam um papel muito importante no desenvolvimento do bonsai. Como tinham uma especial obsessão pela imortalidade, recorriam aos vales e despenhadeiros mais abruptos, buscando o elixir da vida. Voltavam destas expedições carregados de plantas e rochas, pois todos os fenômenos da natureza, por sua força vital, representavam o poder e a eternidade; eram o veículo que os conduzia à meditação.

Durante essas viagens, os monges observaram que algumas árvores, de tamanho reduzido, mostravam sinais de terem vivido muitos anos, de terem lutado contra todas as inclemências do tempo e, apesar do meio hostil no qual se desenvolviam, reverdeciam a cada primavera. Cada broto, cada flor era um canto de vitória contra a morte.

Os monges começaram a recolhê-las para continuar sua vida em um recipiente. Por seu valor religioso, ligado à meditação, as puseram nas escadas dos templos. As incontáveis sessões dedicadas à meditação os conduziram a formular a idéia de que, nessas árvores em miniaturas, se concentrava a força vital, a energia dos grandes bosques e que o pequeno tamanho era o que lhes prolongava a vida. Ainda mais, a pessoa capaz de garantir vida a essas plantas, em um espaço reduzido, possuía o poder de concentrar em seu corpo toda a energia da vida e os poderes mágicos que aquelas plantas guardavam e estendê-los aos seres humanos para assegurar a longevidade. Essas árvores modeladas nas inclemências do tempo receberam o nome de “p’en-tsai” (pun-sai).

Para os chineses, a árvore era o vínculo que unia o céu e a terra, um veículo de pensamento, algo real e concreto que estimulava a meditação.  Durante os séculos XII e XIII, muitos monges se instalaram no Japão, levando consigo os “p’ent-sai” que possuíam um significado filosófico e religioso.  Os japoneses, porém, entenderam o bonsai de outra maneira, Converteu-se na expressão do homem como intérprete da Natureza e adquiriu a categoria de Arte.   O entusiasmo que despertou foi tão grande que colecionar bonsai  transformou-se no passatempo da aristocracia. Os mercadores percorriam as comarcas vizinhas em busca de exemplares que, uma vez colocados em recipientes de porcelana, adornavam a entrada e os terraços das casas. Em 1644, um funcionário chinês, Chun-sun-sui, cansado dos assuntos do Estado, instalou-se no Japão onde se dedicou ao cultivo da Arte. A partir dos ensinamentos desse mestre chinês, os japoneses desenvolveram as técnicas de cultivo, criaram os estilos básicos, a terminologia adequada e difundiram o bonsai pelo mundo. Por esta razão, o Japão é considerado a pátria indiscutida do bonsai.

Esta prática que, em princípio, esteve reservada à nobreza, pouco a pouco foi acercando-se do povo e, atualmente, muitos japoneses dedicam grande parte de seu tempo livre ao cultivo do bonsai.   No Brasil, a história do bonsai teve início a partir de 1909, com a chegada do vapor Kasato-Maru, no porto de Santos. Apesar de poucos dados existentes, sabe-se que os primeiros imigrantes japoneses, provavelmente tenham trazido consigo pertences de grande estima, coisas que os fizessem lembrar sua terra natal. Certamente os primeiros exemplares de bonsai chegaram aqui dessa maneira. Dentre esses imigrantes encontravam-se Alfredo Otsu, Kensaburo Hadano e Osamu Hidaka.

Fonte: Miniatura Bonsai – Herb L. Gustafson – Sterling Publishing Co. Inc – New York 1995 (Tradução por Eloá C Levandowski – Porto Alegre-RS)

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